domingo, 27 de fevereiro de 2011

Existência

Foto: Arquivo Pessoal

Não sei por que respiro.
Sei lá, uma sensação estranha.
O ar entra em meus pulmões e me queima por dentro.
É a vida que entra, mas eu não entendo por quê.
Fico horas parado em frente à televisão olhando as cores que se formam e desaparecem tão rápido.
Caminho sorrateiro pela casa, a espera de nada.
Às vezes grito, outras choro, outras me arrebento por dentro.
Não sei o que quero.
Não sei o que faço, pior, não sei por que faço.
A vida é um marasmo sem fim,
Um sofrimento,
Uma tortura profunda, profunda, profunda...
Engano-me todos os dias pra continuar vivendo, como se a vida tivesse algum sentido.
Será que tem mesmo?
Rezo pedindo a Deus uma solução. Faça-me feliz ou acabe comigo de uma vez.
Não passo de um verme rastejante sobre a terra a procura de um esterco pra eu me fartar e depois procurar mais e mais e mais e mais esterco, esterco fedido.
Tranco-me na sala, olho as paredes derretendo e desaparecendo.
Contemplo minha imagem no espelho, mas não sou eu.
Por mais que eu tente, eu não consigo me reconhecer.
Sinto-me desintegrando, sumindo, desaparecendo, não sendo.
Por que existo? Por que será?
Nunca consegui responder a esta pergunta.
Tanto estudei, li tantos livros, escutei tantas palestras, fui a tantas missas, e nada, ninguém sabe de nada, ninguém tem resposta alguma.
As pessoas falam, falam e falam, mas não dizem nada. De suas bocas só saem besteiras, baboseiras. Teorias sem fundamentos. Delírios alucinados.
O mundo está louco. Todos saindo às ruas dizendo suas verdades e enfiando goela abaixo dos outros, dos imbecis, dos que não tem vontade própria. E os imbecis seguem. Milhares de imbecis seguindo o imbecil-mor.
Quanta esquizofrenia!
Quando delírio!
Quanta enganação!
Em vão espero o além do homem nietzscheano que nunca virá.
Atiraram-me às feras, à imbecilidade. E pra sobreviver tenho que fingir-me de imbecil também. Tenho que fazer baboseiras e tarefas sem o mínimo sentido pra poder me alimentar.

O papel amarelo ainda é amarelo e o céu continua cinza.
As borboletas pousam lá e cá, depois novamente voam.
Fico feliz por vê-las, senti-las, imaginá-las...
Em minha mente límpida, límpidos pensamentos...

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