segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Foto: Arquivo Pessoal

Ele não sabia de nada. Nada mesmo. Olhava-se no espelho pela manhã. A barba por fazer, os olhos pesados e a dúvida.
-          Por quê? Eu não entendo. O que eu fiz? Ou melhor, não fiz?
Caminhava entre os cômodos de seu pequeno apartamento no centro de Curitiba. Fazia frio e ele não sabia o que fazer. Passava horas frente à tv passando os canais sem assistir a nada.
-          Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooo!
E as lágrimas vertiam de seus olhos vermelhos e fundos, um sentimento de vazio, um tédio absoluto. Olhava para as paredes brancas, sentia o vento que entrava gelado pela janela aberta. A sala toda desarrumada, com garrafas vazias pelos cantos e pontas de cigarros por todos os lados.
-          Por quê?
Era verdade. Sua vida já não tinha mais sentido. Construíra toda uma estrutura, tinha ajeitado tudo, renunciado a tudo, e agora nada mais tinha um porque. Sem ela, nada mais existia e sua vida estava vazia.
-          Ela não vai voltar.
Ele aproximou-se da janela. Olhou para baixo. Sua mente estava branca. Nenhum pensamento. Subiu lentamente no parapeito. Respirou profundamente o ar frio da madrugada. Chorou sua última lágrima, riu seu último riso.
-          Não nasci para ser só.
Viu a calçada aproximando-se vertiginosamente, depois não viu mais nada.

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